quarta-feira, maio 16, 2007

O Castelo da Feira – Ontem e Hoje

O Castelo de Terras de Santa Maria terminou há bem pouco tempo mais uma fase da sua recuperação. No artigo de hoje os leitores irão fazer uma viagem pelo tempo e perceber quais os momentos mais importantes deste monumento que une todos os feirenses.
As recentes escavações vieram confirmar que o local onde se situa o castelo já havia sido habitado antes do século XI (data da possível construção do castelo). Logicamente, para qualquer povo que pretendia um controlo militar rápido e efectivo, o aproveitamento de fortificações já existentes era a solução mais fácil. Durante séculos o aproveitamento de fortificações inimigas foi usual e a fortificação da Feira não foi caso único. O castelo, como fortificação medieval, iniciou-se, no caso da Feira, por volta do século X-XI. O recinto fortificado poderá ser de origem muçulmana, tornando-se cabeça das Terras de Santa Maria após a reconquista, ou poderá ter sido construído já em época de reconquista. A primeira referência documental explícita ao castelo faz-se em 1035, após a vitória do rei de Leão, em Cesar, frente a um chefe mouro e diz o seguinte: “in uille Cesari in território castelli S. Marie.”
Na questão da nacionalidade, o Castelo e as famílias destas terras representaram um papel fundamental, mas isso é tema para outro artigo. No século XIII, as inquirições régias referem que a população deve contribuir para a manutenção do castelo, pagando um tributo anual e fazendo as limpezas. As inquirições referem também a presença de pedreiros e carpinteiros, o que indicia importantes obras a decorrer. A forma do castelo foi sofrendo alterações, e as formas actuais devem-se à Família Pereira. O castelo não possuía condições de habitabilidade para uma família nobre e muitas obras desenrolaram-se não esquecendo os avanços tecnológicos na área militar. Em 1700, com a passagem das Terras de Santa Maria para a Casa do Infantado, o castelo fica ao abandono, como comprova o relato do pároco da freguesia de S. Nicolau da Vila da Feira em 1758, nos Inquéritos Paroquiais. Em 1722 dá-se um enorme incêndio e o castelo é apenas um espaço de memória. Até ao início do século XX serão vários os historiadores a tentar influenciar a opinião pública sobre o estado do Castelo da Feira. Entre eles encontra-se Alexandre Herculano. Em 1909 um grupo de apaixonados pela terra decide criar uma comissão para recuperar e preservar o castelo. Até hoje essa comissão existe e foi fundamental para influenciar o poder político da importância do monumento. Numa primeira fase, com muita força de vontade mas com pouco dinheiro, a Comissão de Vigilância pela Guarda e Conservação do Castelo da Feira tratou da limpeza do espaço. Com o regime Salazarista, que valorizava o património, o castelo foi alvo de obras de recuperação. Este processo liderado pela Comissão de Vigilância foi um sucesso.
O castelo não é apenas espaço do passado. Actualmente o espaço serve de palco para um dos únicos produtos turísticos que a Feira possui. A Sociedade de Turismo organiza, com enorme sucesso, ceias medievais, para empresas, neste espaço mítico. Quem participa nunca esquece. A convite da Sociedade da Turismo participei numa das últimas e não esqueci. Grupos de animação histórica fantásticos, música de encantar e comida excepcional. O rigor histórico é admirável e no rosto das pessoas vi que jamais irão esquecer a ceia medieval e o Castelo da Feira. No final, a empresa que contratou estes serviços não podia estar mais satisfeita. Conquistaram os seus clientes em Terras de Santa Maria e certamente repetirão a experiência em novas campanhas publicitárias.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Encontrei seu blog porque faço pesquisas e genelogia.Procurava pela "Terra Feira, freguezia de Lagoalva" onde um meu ascendente Francisco Barretto Pereira Pinto, nasceu aos 2 de junho de 1708,filho de Manuel dos Santos Barretto e Magdalena Pereira Pinto, do Castelo desta freguezia. Agora minha curiosidade: se nasceu num Castelo (espero um dia conhecer, se ainda estiver de pé!!), acredito que se consiga uma boa genealogia dos ascendentes, o que ainda não tenho.
Tenho só que a mãe dele era filha de Domingos Leitão Pereira, neta paterna de Fernão Pereira do Lago.

Eliana Ribeiro, Brasil

27/7/08 02:18  

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