sexta-feira, dezembro 29, 2006

Laboratorium philosophiae Medii Aevi 2007 :Teses de Filosofia Medieval em curso no GFM/FLUP

Estão em curso e/ou em fase de conclusão, na Faculdade de Letras da Universidade do
Porto, 12 dissertações de Doutoramento e de Mestrado na área da Filosofia Medieval.
Este encontro, Laboratorium philosophiae Medii Aevi, procura proporcionar aos
respectivos autores um contexto de exposição do seu trabalho e, simultaneamente,
tornar os seus resultados e experiências partilháveis, dentro do espírito de equipa e de
investigação que tem animado o Gabinete de Filosofia Medieval.
Os trabalhos a apresentar abrangem um longo arco temporal, do século V ao século
XIV, com incidência em temas e autores de particular expressão na história do
pensamento. A diversidade e importância dos problemas filosóficos em estudo é
notável, como se pode constatar pelo programa. Algumas das teses estão a ser
desenvolvidas na íntegra ou com períodos de investigação em centros de investigação
estrangeiros de grande prestígio, pelo que do simpósio resultará também um
enriquecedor encontro de metodologias e um diálogo entre vias de exploração do
pensamento medieval.
Cada comunicação será seguida de discussão de modo a criar condições de diálogo
entre as pesquisas, no confronto e cruzamento com outras interrogações e diversificadas
perspectivas de análise, de modo a que este encontro possa constituir um laboratório e
uma etapa positiva para a estruturação e desenvolvimento das investigações em curso.
A participação no Simpósio é livre, com atribuição de certificado aos participantes.

PROGRAMA
SEXTA-FEIRA, 5 DE JANEIRO DE 2007
9,00-10,15
Abertura: Maria Cândida Pacheco (Prof.ª Emérita da UP – Presidente do GFM)
J.M. Costa Macedo (GFM), Criação e duração em Escoto Eriúgena (D)
10,15-10,30: Intervalo / pausa para café
10,30-12,30
Daniela Silveira (GFM), O conceito de felicidade em De consolatione philosophiae de Boécio (M)
Vera Lúcia Rodrigues (École Pratique des Hautes Études, Paris – GFM), "Creatio numerorum",
natureza e racionalidade em Teodorico de Chartres (D)
12,30: Almoço (Círculo Universitário do Porto)
14,30-16,30
Gabriela Poças (GFM), A doutrina espiritual de Ricardo de S. Victor (D)
Helena Maria Ramos da Costa (GFM), Os sentidos espirituais em Santo António (M)
16,30-16,45: Intervalo / pausa para café
16,45-19,45
Cléber Eduardo dos Santos Dias (PUC, Porto Alegre – GFM): O processo cognitivo no «Tractatus
de intellectibus» e na «Dialectica» de Pedro Abelardo (D)
Bernardino Marques (GFM), O Sermonário de Frei Paio de Coimbra (D)
Marco Toste (Université de Fribourg – GFM), As Questões de Pedro de Alvérnia sobre a Política
de Aristóteles (D)
20,00: Jantar (Círculo Universitário do Porto)
SÁBADO, 6 DE JANEIRO DE 2007
9,00-11,00
Filipe das Neves Gonçalves (GFM), A ética de Abelardo em Scito te ipsum (M)
José Filipe Silva (Helsingin yliopisto – UM – GFM), Lógica e teologia em Roberto Kilwardby (D)
11,00-11,15: Intervalo / pausa para café
11,15-13,15
Maria Lúcia Avelar de Sousa (GFM), O Liber caos de Raimundo Lúlio (M)
Lídia Maria Ferreira Queiroz (Radboud Universiteit, Nijmegen – GFM): A importância filosófica
do «Tractatus de continuo» de Thomas Bradwardine no contexto do nascimento de uma
nova Física em Oxford, no século XIV (D)
13,15-13,30
Encerramento: J.F. Meirinhos (DF FLUP – GFM)
13,30 Almoço de encerramento (Círculo Universitário do Porto)


Organização Contactos
Gabinete de Filosofia Medieval 226077100 – ext. 119
Faculdade de Letras correio-e: gfm@letras.up.pt
Torre B, Gab. 119 http://www.letras.up.pt/if/gfm/
Via Panorâmica s/n
4150-564 Porto Biblioteca
Horário: (por marcação)
Rua do Campo Alegre, nº 1055 / Palacete Burmester
Telef.: 226097029
Apoios
FACULDADE DE LETRAS
UNIVERS IDADE DO POR TO
Instituto de
Filosofia
UI&D 502

1º Encontro de História e Investigação

Em 16 e 17 de Março, o Departamento de História promove o 1º Encontro de História e Investigação destinado a mestres e mestrandos de História pela FLUP. As propostas de comunicação, com o máximo de 15 páginas, devem ser endereçadas ao dh@letras.up.pt. Prazo limite para entrega de propostas de comunicação: 24 de Fevereiro de 2007

sexta-feira, dezembro 22, 2006

A Cortiça em Terras de Santa Maria

Desde do início das “Histórias da Minha Terra” muitos devem ter-se questionado “para quando um artigo sobre a cortiça e sua indústria?” Ora bem, aqui está ele!! Em primeiro lugar gostaria de dedicar este artigo aos meus pais, que tal como centenas de feirenses, se levantam de segunda a sexta para trabalhar de sol a sol nesta indústria. Muito haveria para escrever sobre a cortiça, mas no artigo de hoje apenas me irei debruçar no crescimento da indústria corticeira no período Salazarista. Tal como dizem as autoras do artigo “A indústria transformadora de cortiça em Santa Maria de Lamas, nos anos 50 e 60”, Carla Matos e Marta Pinto, “a cortiça é o único produto que posiciona Portugal no primeiro lugar à escala mundial, tanto a nível de produção, como a nível de industrialização” e acrescento eu, também ao nível da maquinaria. O primeiro passo para este sucesso foi dado nas décadas de 30, 40 e 50 do século XX pela política económica do Estado Novo. Desde a década de 30 que a indústria corticeira era uma das prioridades nos planos salazaristas, mas foram os Planos de Fomento Económico que empurraram este sector para o topo nacional. Os Planos de Fomento começaram a ser preparados logo após a 2ª Guerra Mundial e o primeiro é aplicado em 1952. Estes planos pretendiam colocar (finalmente) Portugal como um país industrializado. Estes planos são também uma resposta às pressões das nações democráticas que estavam a olhar com preocupação para este cantinho da Europa. Afinal, ainda agora tinham derrubado uma Alemanha nazi e uma Itália fascista e não pretendiam ter mais problemas com as ditaduras portuguesa e espanhola. Os planos foram bem sucedidos já que Portugal cresceu bastante em termos industriais.
Não se julgue, contudo, que desde sempre Santa Maria da Feira foi o centro nacional da produção corticeira. Até ao patamar actual foram necessários vários anos e diversos factores. O primeiro centro corticeiro nacional é Setúbal nos anos 50 e 60. Contudo, este centro entra em declínio e Faro (que vinha desenvolvendo uma indústria corticeira paralela) passa a ser o novo pólo corticeiro aproveitando a matéria-prima próxima. Progressivamente a zona Norte e especificamente Santa Maria da Feira passam a novo centro nacional corticeiro. Este crescimento é baseado apenas num dos sectores desta indústria. O sector rolheiro. Aliás, é usual actualmente tomar a parte pelo todo. Ou seja, chamar à indústria corticeira indústria rolheira. Interessante é verificar as transformações ao longo dos anos e como as pessoas estão reticentes à mudança. Por exemplo, a notícia mais antiga (que conheço) da Broca é de 1934 e os funcionários revoltaram-se porque não queriam máquinas! “Isso nunca!” – diriam alguns. Agora nenhuma empresa rolheira vive sem elas. É o mundo sempre em transformação na Época Tecnológica. Mais um facto posso avançar relativamente à indústria corticeira na Feira. Tal como nos indica o artigo, já citado em cima, a notícia mais antiga, documentada, da presença de uma indústria corticeira em Terras de Santa Maria é de 1865 no Inquérito da Repartição de Pesos e Medidas do Conselho Geral das Alfândegas. O inquérito Industrial de 1890 indica a existência, na Feira, de 4 pequenas fábricas corticeiras.
Foi durante o Estado Novo que o sector corticeiro mais cresceu. O próprio regime patrocinou este desenvolvimento. Entre 1950 e 1960 foram 11 o número de feiras estrangeiras com exposições corticeiras portuguesas. Desde o número de fábricas, aos funcionários e às máquinas tudo cresceu consideravelmente. Por tudo isto, ainda hoje temos a indústria corticeira como mais importante do concelho.