terça-feira, janeiro 30, 2007

I JORNADAS SOBRE O PÃO

Workshop “Recursos Paisagísticos”

3 de Fevereiro de 2007

Manhã – Local: Refúgio d’ El Rey (Estação de Ul)
10h00 Recepção dos participantes
10h30 Sessão de abertura
António Rosa, Vereador da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
Representante, ADReDV
Representante, Future Trends
11h00 Apresentação do projecto de revitalização dos Roteiros da Água
Grupo de trabalho no âmbito do Curso de Recursos Paisagísticos
12h00 Debate
12h30 Conclusões finais do Workshop
13h00 Almoço
Tarde – Local: Salão Paroquial de Ul
14h00 Recepção dos participantes
14h30 Sessão de abertura
Ápio Assunção, Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
Nuno Pereira, Pároco de Ul
14h45 A freguesia de Ul no contexto da indústria do descasque do arroz
António Afonso de Deus, Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
15h30 O processo de industrialização da moagem
Maria da Luz, Museu da Ciência e Indústria do Porto
16h00 Debate
16h30 Intervalo para Café
17h00 O pão – alimento do Homem
Dina Cruz, Museu do Pão de Seia
17h30 O pão e as padeiras de Ul – Que futuro?
Isabel Rosas, Laboratório Sagilab
18h00 Caso prático – Os ovos moles de Aveiro
Patrícia Naia, APOMA
18h30 Debate
19h00 Sessão de encerramento

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Festa das Fogaceiras: 501 anos?

No próximo Sábado, as ruas da Feira vão encher-se mais uma vez de curiosos, ansiosos por prestar o voto a S. Sebastião. A Festa das Fogaceiras é das mais antigas de Portugal, mas a dúvida sobre o início do pagamento do voto a S. Sebastião mantém-se. Para a maioria das pessoas a Festa iniciou-se em 1505. Para um historiador esta data deixa imensas dúvidas, principalmente pela não existência de documentos que comprovem o início da romaria.
S. Sebastião é invocado por volta de 680 pelas gentes de Roma para protecção contra uma terrível peste. A partir deste momento, o Santo passa a ser invocado para proteger as vilas e aldeias contra as pestes, que durante a Idade Média fustigaram as populações europeias. Só as pestes sucessivas por volta de 1348 provocaram a morte de pelo menos 1/3 da população europeia. Alguns dos lugares ficaram completamente desabitados e as Terras de Santa Maria não foram excepção. Foi numa destas pestes que as gentes de Santa Maria invocaram S. Sebastião. O pedido foi atendido e foi programado um agradecimento anual com a colaboração dos condes da Feira. Aqui começam as dúvidas. Um guia do Concelho da Feira afirma que a data do início do culto é 1505 sob patrocínio do 2º Conde da Feira, D. Diogo Pereira. Contudo, este só ascendeu a conde no ano de 1515. Outro aspecto que merece reflexão é o Foral Novo que D. Manuel I concede a estas Terras em 1514. No Foral a procissão não é mencionada. Vaz Ferreira, numa das suas obras, dá a entender que a data de 1569 será a mais viável para o início do préstimo. Neste ano a peste foi particularmente devastadora e em Lisboa matou oitenta mil pessoas. Ninguém avança uma data exacta, mas será praticamente certo que o culto não se iniciou antes do século XVI. A tradição de escrever e dizer que a Festa das Fogaceiras teve início em 1505 ganhou força e neste momento é, para a generalidade da população, para a comunicação social e mesmo para alguns historiadores, um facto consumado. Felizmente, são vários os historiadores feirenses, com uma sensibilidade incrível para a História Medieval que estão no caminho certo para desmistificar especulações que invadiram a historiografia. Peço aos leitores para estarem atentos e apoiarem os novos historiadores, com escola.
Outra das ideias criadas com a Festa das Fogaceiras é a de que a fogaça teve origem com o cumprimento do voto. A fogaça vem do latim focacia, que significa pão cozido debaixo de cinza quente. Na enciclopédia Luso-Brasileira o uso destes bolos data do tempo dos romanos. Seriam pequenos pães, redondos e chatos cozidos sobre as cinzas. Para além disto, durante a Idade Média, fogaça significava o foro pago aos Senhores feudais. Este foro poderia ser em dinheiro ou géneros (galinhas, cereais ou vinho). Contudo isto não significa que a fogaça não seja um doce típico de Santa Maria da Feira. Felizmente a fogaça tem uma confraria para preservar a sua qualidade e a tradição na sua confecção. Faço aqui um apelo para que todos os produtores de fogaça respeitem a tradição e a confecção do delicioso bolo. Seria também importante, estes produtores alistarem-se na Confraria da Fogaça para preservar a qualidade e melhorar o comércio da doçaria tradicional feirense.
Neste artigo tentei não escrever o que todos já sabem. Tentei atirar a primeira pedra em busca da verdade. Todos sabemos a importância que tem dizer que temos uma festa com mais de 500 anos e apenas com uma interrupção na sua história. Mais importante seria provar a origem do cortejo mesmo que isso custasse alguns anos de existência.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

II Encontro da Primavera

Em 19 e 20 de Abril de 2007, vai realizar-se o II Encontro da Primavera, destinado a estudantes da Licenciatura em História. As propostas de comunicação, com o máximo de 15 páginas, devem ser endereçadas para o dh@letras.up.pt.
Prazo limite para entrega de propostas de comunicação: 24 de Março de 2007

sexta-feira, janeiro 05, 2007

De Portucale a Portugal : O nascimento de um País

Auditório do Arquivo Histórico do Porto. Todas as conferências terão lugar às 21,30h.
1ª Conferência : A Galiza e Portugal na Alta Idade Média - 19.01.2007
Prof. Dr. Fernando Lopez Alsina -
Universidade de Compostela
2ª Conferência : A arte das Astúrias entre o sec. IX e o sec. XI – 09.02.2007
Dr. César Castro Valdez
Doutorado pela Universidade de Oviedo
3ª Conferência : Entre hispano-visigodos, muladíes y mozárabes y repobladores. Arquitectura y Arqueología - 02.03.2007
Dr. Luís Caballero Zoreda
Investigador do Consejo Superior de Investigaciones Científicas – Madrid
4ª Conferência : Relações galaico – asturianas e influencias moçárabes no Noroeste Peninsular –23.03.2007
Dr. Manuel Luís Real
Director do Arquivo Histórico do Porto
5ª Conferência : Da «estremadura» à fronteira portucalense - Definição e organização do território (Séc. XI e XII) - 13.04.2007
Prof. Dr. Mário Barroca
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
6ª Conferência : A Restauração da Diocese de Braga no contexto da Igreja Hispânica – 04.05.2007
Dr. Luís Carlos Amaral
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
7ª Conferência : Coimbra e a resistência á reforma cluniacense – 25.05.2007
Prof. Drª. Mª Helena da Cruz Coelho
Instituto de História da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
8ª Conferência : A Borgonha e Portugal – 15.06.2007
Prof. Dr. José Marques
Catedrático Jubilado da Fac. Letras da Universidade do Porto
9ª Conferência : O papel da Nobreza na formação de Portugal – 06.07.2007
Profª. Drª. Leontina Ventura
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

O Natal em Terras de Santa Maria

Este artigo será diferente de todos os anteriores. Este não será um artigo historiográfico, mas sim um artigo de opinião. Apresentarei uma teoria, mas sem apresentar fontes que comprovem a minha ideia.
Chegou ao fim uma época festiva em que o Natal fez as delícias dos miúdos (pelos brinquedos), dos graúdos (pela confraternização) e dos devotos cristãos (pela comemoração do nascimento de Jesus). O Natal, em Portugal, é comemorado com o típico bacalhau, com os doces tradicionais e vinho com abundância. A qualidade é outra das características da festividade. Nesta comemoração específica (para os cristãos o nascimento de Cristo, para as crianças os brinquedos e para o comum dos portugueses a oportunidade de estar com a família), como noutras comemorações, a comida e bebida são sempre as melhores possíveis.
As Terras de Santa Maria têm uma característica muito específica na comemoração natalícia. Para muitos feirenses, como eu, a ceia de Natal foi a dobrar! Passo a explicar. Existem famílias feirenses que fizeram a ceia de Natal no dia 25, quando o resto do país festejou a véspera do nascimento de Cristo no dia 24. Eu festejei nos dois dias… Para quem festeja no dia 24 é difícil entender o porquê dos festejos em algumas casas feirenses serem só no dia seguinte. A minha teoria é simples e como já disse, não passa de uma ideia construída ao longo destes últimos anos, onde falta o mais importante. Fontes que corroborem a teoria.
As Terras da Feira, durante séculos, foram administradas por famílias nobres a partir do Castelo situado em Santa Maria da Feira. Uma família destacou-se na chefia das Terras de Santa Maria. Os Pereira. Esta família pertencia ao grupo restrito da alta nobreza e os seus rendimentos seriam imensos. Basta pensar no vasto território que estava na posse desta família. Como qualquer família da alta nobreza, as festas seriam fartas em quantidade e qualidade. Esta família, como a maioria dos portugueses desde o início da nacionalidade, tinha na religião um dos pilares dos seus valores. Por isso, a comemoração do nascimento de Cristo seria obrigatória e alvo de um festejo especial. Para além dos condes da Feira, o território feirense sempre teve várias famílias senhoriais que faziam das festas uma exibição social.
As Terras de Santa Maria, como apresentei num dos artigos, tinha uma sociedade tipicamente rural, em que a maioria das pessoas laborava no campo. Por este motivo, seria normal estas famílias não conseguirem comemorar o nascimento de Cristo com a grandeza pretendida. É a partir destas características e do cruzamento das informações anteriores que estabeleci a minha teoria sobre a comemoração do nascimento de Cristo apenas no dia 25 de Dezembro. As festas destas famílias nobres precisavam de criados e é provável que tenha existido um acordo entre nobres e camponeses. Os camponeses serviam nas casas senhoriais e em troca recebiam as sobras das festas. Por isso, trabalhavam na noite de 24 nas casas senhoriais e no dia 25 faziam o jantar de Natal. Para além disto, os condes da Feira sempre foram conhecidos pela sua bondade e a população respeitava o seu poder. Por exemplo, quando a Casa da Feira passa para o poder régio, após a morte de D. Fernando Forjaz em 1700, o povo descontente, manifesta-se contra a decisão. O povo queria continuar sob o domínio senhorial. Assim, seria normal a família Pereira oferecer as sobras da ceia de Natal. No passado dia 24 de Dezembro, o Jornal de Notícias faz desta especificidade notícia. Apresenta outra explicação para o jantar de Natal no dia 25. Escreve que a Feira é uma zona de tanoeiros e que no dia 24 estariam a trabalhar no Porto e apenas regressavam a casa no dia seguinte. Esta teoria tem legitimidade como qualquer outra, mas julgo que a tradição será muito anterior. São demasiadas pessoas a comemorar no dia 25 para ser uma especificidade das famílias dos tanoeiros.
A tradição está a acabar. Ano após ano as famílias que comemoram no dia 25 diminuem. É preciso descobrir as origens desta prática e sentir orgulho em ser diferentes. Fazemos parte de uma micro-História e como já escrevi num dos artigos, o futuro da História passa pela História Local. Feliz 2007.